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O jovem Charlie Simms (Chris O’Donnell)
resolve ajudar um ex-tenente-coronel cego (Al Pacino)
do exército americano durante o fim de semana de Ação de Graças, como forma de
garantir o seu Natal com a família, só que o tenente Frank tinha
outros planos e resolve viajar com Charlie para Nova York, onde
pretende reviver todos os prazeres da vida antes de se suicidar. Mas no caminho
ele começa a se interessar pelos problemas do jovem e esta convivência muda o
seu destino.
O filme mostra a extrema sensibilidade
de Frank Slade (AL Pacino), tenente coronel reformado e
cego, em discriminar e denominar a essência perfumada que está sendo usada
pelas mulheres que encontra. Este conhecimento profundo e amplo dos perfumes
corresponde à sublimação de uma perversão, ligada ao prazer de sentir o cheiro
dos produtos vitais do organismo humano, e paralelamente revela o desejo mais
profundo do protagonista: o encontro com a intimidade da mulher.
É um filme extremamente rico em
apresentar situações humanas e, portanto, carregado do trágico, do banal, da
dor, do conflito, dos paradoxos. O diretor Martin Brest consegue
reunir cenas que evidenciam os opostos coexistentes na vida humana. Por
exemplo, uma casa no fundo de quintal, escura e pobre, e uma suíte no Waldorf Astoria, em
Nova York. Charlie Simms tendo que trabalhar no fim de
semana enquanto seus colegas planejam viagens milionárias.
O início do filme, mostrando a beleza arquitetônica do Baird School, vai em seguida mostrar a decadência de valores infiltrando-se através da ação delinquente de três alunos contra a figura sem caráter do diretor Trask.
No início do filme, um aluno milionário,
George Willis e o bolsista, Charlie, surpreendem os colegas nos
preparativos do vandalismo. George encarna a corrupção, o engodo e Charlie encarna
o ser humano com valores nobres, altamente consciente do que acredita ser o
correto. Ele vai dizer: “Não sou um dedo-duro. Não posso. Há certas coisas que
não se pode fazer”. Trask, que pretende ser o defensor dos valores da
escola, o chantageia, será encaminhado à Universidade de Cambridge se delatar
os colegas ou perderá sua bolsa na Baird School se ficar calado,
ele terá o fim de semana para decidir-se, e é com este conflito que Charlie vai
encontrar-se com Frank Slade. O enredo central gira em torno do
encontro do jovem estudante com Frank, e a relação intensa que vai se
estabelecer entre eles, com sua capacidade
de dedicação ao que ama e seu sonho de viver uma relação amorosa.
Ao longo do filme, numa visita ao seu irmão,
ficamos sabendo que desde criança ele colocava-se em encrencas. Mas o que
tornou a criança e depois o homem revoltados? Não seria justamente a
incapacidade de suportar as frustrações e as dores inerentes à vida? A
impossibilidade de lidar com a intensidade das próprias pulsões de amor e ódio
e combiná-los em direção à construção de boas experiências? Dominado pelos
instintos agressivos, pela violência, que se expressa pelo humor mordaz. Sua
ternura está soterrada pelo desespero da situação em que sua impulsividade o
colocou. Assim, Frank Slade é um
homem que nos apaixona por suas grandezas e nos toca por suas misérias, perdido
no turbilhão de sentimentos de amor à vida e de dor da culpa, ele busca a
doçura do cheiro da mulher.
O enredo central gira em torno do
encontro do jovem estudante com Frank, e a relação intensa que vai se
estabelecer entre eles. Na verdade, o filme mostra todo tempo como a mente
humana é feita de pares de opostos: violência e ternura, destrutividade e
construtividade, amor à vida e instinto suicida.
Na cena do tango, tão incrivelmente
bela e envolvente, vemos Frank dançar de forma magnífica, sua
sensualidade, sua paixão pela dança tornam este momento representativo do que
há de mais vivo no coração de Frank. À noite, encontra uma mulher e
inebria-se com sua beleza e com o prazer que ela lhe proporciona.
Na manhã seguinte Frank é dominado pela depressão. E é a vez de Charlie ajudá-lo. Saem e vão experimentar uma Ferrari. O espírito corajoso mas também impetuoso de Frank o levam a guiar a Ferrari a toda velocidade. Mas, após a euforia de guiar a Ferrari, e de saírem ilesos, Charlie lhe diz: “Você não vai mais dirigir.” Frank não suporta a dor de entrar em contato com a realidade.
O amor de Charlie o tira do
surto psicótico e o chama de volta para o mundo, mas aí vem sua grande questão:
“O que vou fazer agora”? Ele vai falar do sonho que o sustentara até ali, de
amar uma mulher e ser amado. Charlie, ainda como bom analista, lhe
pergunta por que não procura alguém, sendo bonito, simpático, divertido,
bondoso. Frank percebe a provocação e aceita a brincadeira.
O que ele ainda não sabe é que se você
não foge da vida, sempre surge o que fazer. E assim acontece. Perdem o vôo e voltam de limusine para New Hampshire, para o colégio Baird,
lá, uma assembleia deverá decidir sobre o destino de Charlie. Frank despede-se
de Charlie e vai embora, mas iniciada a assembleia, volta e senta-se
ao lado de Charlie.
Diante da pressão do diretor Trask, Charlie mostra
que não está disposto a vender-se. O diretor o expulsa da escola, por não ser
um digno aluno da Baird. E começa aí a brilhante defesa de Frank.
Frank vai poder mostrar nesta empolgante cena, que existe nele um homem apaixonado, lúcido, com reais valores, inteiro sob a capa da violência e angústia, um homem capaz de com toda coragem, defender seu amigo, e mostrar sua capacidade de discriminação e de lucidez; O importante é que, ao defender Charlie, ele volta a entrar em contato com ele mesmo, criador e com capacidade de amar. Seu discurso emociona a linda Professora de Ciências Sociais e a profetização de Charlie se realiza.
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Frank volta para casa contendo
sentimentos amorosos, de perdão e reconciliação e de gratidão. Do alcoólatra em
que havia se tornado, passa a pedir um milkshake de chocolate para a
sobrinha neta. Uma nova esperança se descortina para sua vida.
Entretanto, mais interessante que a
própria história narrada é conferir a atuação fantástica de Al Pacino e a trajetória de seu
fascinante personagem.
Myrian Fernanda
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