A beleza do filme Gênio Indomável, é pela forma como ele deixa claro que não há nada que substitua sentimentos verdadeiros sendo trocados entre duas pessoas, conectadas, em que uma interfere na vida da outra. Não há ninguém perfeito e não há problema, pois a maior beleza de uma relação é a vontade de duas pessoas que querem ser perfeitas uma para outra. Para isso é preciso estar disposto a ter trabalho, a ouvir, a se colocar no lugar do outro e ficar vulnerável, assim como Sean fez com Will, ajudando-o a fazer algo com o que os outros fizeram dele, como disse Sartre. Se não estivermos dispostos a fazer isso, deixo com que Sean, através do saudoso e irretocável Williams, vos diga que isso é uma super filosofia, em que você poderá viver a vida inteira sem conhecer ninguém profundamente.
Essas
questões são apresentadas no filme “Good Will Hunting” (Gênio Indomável)
escrito pelos amigos Matt Damon e Ben Affleck, com direção de Gus Van Sant. Na
trama, Will (Damon) é um garoto problemático, que facilmente se envolve em
confusão e com problemas comportamentais.
Will
tem esse comportamento em função de traumas ocorridos na infância, quando
sofrera maus tratos e fora abandonado por aqueles que deveriam tratá-lo com
carinho e ter estado ao seu lado. No entanto, apesar da infância traumática e
conturbada, além dos problemas de comportamento, Will é um gênio e, assim,
acaba chamando a atenção do renomado professor Gerald Lambeau
(StellanSkarsgård) que passa a acompanhá-lo, após o jovem se envolver em mais
uma confusão. Nesse acompanhamento, Will deverá ter aulas de matemática, fazer
terapia e arrumar um emprego no campo matemático.
A partir de então se inicia o
cerne da história, a saber, a análise psicológica de Will, um jovem
extremamente genioso, mas genial, sob duas perspectivas diferentes. A primeira
é a do professor Lambeau que vê Will apenas como um gênio da matemática, o qual
deve aproveitar esse talento para trabalhar em uma grande empresa e se tornar
conhecido pela sua genialidade.
Com
uma perspectiva totalmente diferente aparece Sean (Robin Williams), um
terapeuta que está acompanhando Will. Sean enxerga o jovem como um ser humano. Reconhece
a sua genialidade, mas também vê as suas fraquezas. Aliás, percebe que por trás
de um sujeito auto suficiente e arrogante, esconde-se um garoto frágil e com
medo, que precisa desesperadamente de ajuda. E ele é essa ajuda. Através da
empatia, Sean consegue se colocar no lugar de Will e busca sentir a sua dor
para que possa compreender o que leva o garoto a agir daquele modo tão
agressivo e defensivo. Sean não se esconde atrás de uma capa, mostra quem é de
fato, o que gosta, suas feridas, suas dores, suas realizações e com isso, pouco
a pouco vai conseguindo ganhar a confiança do jovem, bem como, conectar-se a
ele. Infelizmente, tanto na vida quanto no filme, faltam pessoas capazes de se
desprender de si para ouvir e olhar o outro, pessoas corajosas para ficarem
vulneráveis com as outras, permitindo ser tocadas, confiando que o outro corresponderá,
ainda que não corresponda. A relação
desenvolvida entre Will e Sean demonstra o quão importante é ter uma relação de
verdade, com alguém que se preocupe conosco, que esteja disposto a nos ouvir,
nos entender e nos ajudar. É demonstrada também a importância dos sentimentos e
de não ser sempre tão racional, de se deixar levar pelo que faz o coração
terno, pois só assim são construídas experiências de verdade, que podem ser
guardadas com carinho na memória.
Myrian Fernanda
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