Myrian Fernanda dos Santos Lima, Psicóloga Clínica - CRP: 02/22362

O Viver Poiesis tem como objetivo trazer informações sobre questões Psicológicas e Mentais, para você pensar, praticar e aplicar a sua vida e, assim melhorar seu emocional e seu comportamento. Obtendo uma Qualidade de Vida, se permitindo viver a sua obra, seus objetivos e seus ideais.

Sociedade dos Poetas Mortos



“’Carpe Diem’. Aproveitem o dia.

Façam suas vidas serem extraordinárias.”

Do professor aos seus alunos em Sociedade dos poetas mortos.

Sociedade dos Poetas Mortos se desenvolve em um colégio americano de 1959 que tem como pilares a Tradição, a Honra, a Disciplina e a Excelência. No internato masculino, tido como “o berço dos futuros líderes da América”, não há espaço para o feminino: os professores são homens, a direção da escola é masculina. A narrativa mostra uma história de padronização, de regulação e da busca da excelência por meio da competição: cada aluno traz em si o peso de buscar ser o melhor, o mais eficiente, de ter as melhores notas, os melhores resultados.

                                

O professor John Keating entra na sala de aula assobiando, é o primeiro dia do ano letivo, passa pelos alunos e desperta olhares curiosos, encaminha-se para uma outra porta, de saída para o corredor, todos seus pupilos ainda estão de sobreaviso, curiosos e sem saber o que fazer. Keating olha para eles e faz um sinal, pedindo que os estudantes o acompanhem. Todos chegam a uma sala de troféus da escola, onde ao fundo podem ser vistas fotos de alunos, remontando ao início do século, fazendo-nos voltar ao começo das atividades da escola. Pede-se silêncio e, que a atenção de todos volte-se para os rostos de todos aqueles garotos que frequentaram aquela tradicional instituição de ensino em outros tempos.
O que aconteceu com eles? Para onde foram? O que fizeram de suas vidas? Suas vidas valeram a pena? Perguntas como essas são lançadas aos alunos.
Para fazer com que suas existências tenham valor vocês devem viver com intensidade cada dia que lhes é dado, cada momento que lhes é concedido, cada experiência a qual tem acesso, diz com sabedoria inconteste o ilustre mestre Keating. Por isso, repete, "Carpe Diem".

                                

Muitos ainda sem saber o que estariam fazendo ali, afinal, não era para estarmos estudando literatura inglesa e norte-americana?
Desconforto e desconserto. O personagem do professor Keating, vivido pelo eclético e versátil (além de extremamente talentoso) Robin Williams, conseguiu o que queria. Deixou seus alunos em dúvida. Iniciou seu relacionamento com eles tentando demovê-los de sua passividade, provocando-os a uma reflexão sobre a vida. Afinal, será que estamos fazendo valer nossa existência? "Carpe Diem", ou seja, aproveitem suas vidas, passou a ser como uma regra de ouro a partir de então para alguns de seus alunos. Como já se viu, trata-se da história de um grupo de jovens alunos que tem o privilégio de trabalhar com um professor visionário, de atitudes inesperadas, que os instigou a pensar por conta própria (o que lhe rende críticas dos colegas e da instituição) e que arrebatou-lhes os corações. 

                               

O tempo é pontuado a cada atividade que se desenrola no internato. O espaço é racionalizado e cada minuto se faz importante para os fins da Educação; educar dentro dos limites da tradição. Torna-se evidente, nessa narrativa, que não importa o quão diferente os alunos possam ser em termos de classe, gênero ou raça, pois estarão representados como unidade de identidade por meio do exercício de diferentes formas de poder.
É notória a utilização de um regime disciplinar fortemente marcado que vai desde a entrada dos alunos no internato até as atividades como a utilização da biblioteca, o uso dos dormitórios, do refeitório; o tempo é segmentado e marcado por horários rígidos. As reflexões nos apontam que tradição, honra e disciplina institui um tipo de saber, próprio das pedagogias tradicionais. O professor John Keating (Robin Williams) ao chegar a esse ambiente conservador, revoluciona os métodos de ensino ao propor que os alunos aprendam a pensar por si mesmos. Há nas atitudes do professor, críticas à educação tradicional. Ações como essa indicam que o professor, ao se utilizar de outros espaços não convencionais, acaba promovendo atividades também pouco convencionais aos alunos, e isso proporciona uma convivência democrática, de contato afetivo e próximo com seus alunos.

                                 

No processo de (re) afirmação da sua própria identidade, tudo o que esses jovens, imersos num turbilhão de emoções, querem é o direito de discordar, argumentar, criar, exercer sua liberdade. Eles querem traçar seus próprios caminhos, desejam realizar seus sonhos.  É nesse contexto que o filme tece cena após cena um panorama de reflexões acerca do que rege a vida do sujeito. 

                              

Ao lidarmos com adolescentes muitas vezes, por conta do excesso de atividades, dos programas extensos que temos que cumprir, das avaliações ou do nosso próprio descaso, deixamos de vê-los como pessoas em formação, que alimentam sonhos e fantasias (que muitos de nós parecemos ter esquecido lá atrás, no tempo de nossas próprias juventudes), que planejam verdadeiras revoluções (dizem que quando temos 16 anos queremos incendiar o mundo e que, ao chegarmos a idade adulta, nos tornamos bombeiros; a maturidade é saudável, no entanto, devo dizer que preservar alguns focos de incêndio acesos em nossos corações e mentes também é fundamental. Sonhar é preciso!) e que, necessitam desesperadamente de nosso apoio e orientação, de nosso carinho e atenção.

                           

O professor em uma das sessões da Sociedade coloca que “medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres, mas a poesia, o romance, o amor são para a vida toda. É para isso que vivemos!” O professor provoca os alunos a pensarem por si mesmos, a “tornarem as suas vidas extraordinárias” e institui como lema da Sociedade a máxima “aproveite o dia”, “Carpe Diem”.

  Myrian Fernanda

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